sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O Livro da Cidade

Tudo o que você queria saber sobre o ecossistema espiritual urbano e como manipulá-lo.
Ou "Uma resposta definitiva para aonde vai aquela caralhada de pombos à noite."





   

    Gosto muito da visão hiper-realista que os livros de rpg da série Mundo das Trevas representa que não existe paz, nem mesmo na dita dicotomia entre a cidade e o campo, ambiente naturais e etc. A floresta é um lugar de medo e temor aonde a escuridão te amedronta de verdade e as criaturas da noite caçam, a cidade, um abismo de asfalto e cimento pronto para engolir qualquer indivíduo e colocá-lo em um estado de depressão e dormência em meio a uma massa desesperada, presa nas teias do padrão. A natureza e a cidade, ambas, representam locais aonde a luta é constante... essa ilusão provém de tempos pré Darwinianos aonde temos a natureza como um jardim florido aonde as leis que guiam o cosmo criam um ambiente ordenado e harmonioso - Darwin ao observar as pequenas diferenças entre indivíduos e como isso poderia favorecer um em detrimento de outros vislumbrou o caos dentro do cosmo, o espelho de ilusão de ver o homem como criação de Deus e, portanto, perfeito e imutável em sua essência - tanto na imobilidade das espécies quanto na batalha eterna a qual é a seleção natural, fomos guiados a ver a natureza não mais como um ambiente harmonioso e divino, mas como um verdadeiro terreno de batalha, aonde o mais apto vencerá e nenhum átomo é desperdiçado sem que seja disputado.
 Algumas pessoas sustentam a mesma opinião anterior sobre o mundo espiritual e informacional, ao que aparenta, eu sou o lunático da conversa novamente quando defendo uma visão de um mundo espiritual que, claro, com seu altos e baixos ainda é um terreno de processos intensos, intermináveis e e interminados... um campo de batalha em cada nível: material (genes), informacional (genes, memes), mental (memes, egrégoras), astral (egrégoras, espíritos independentes) e quantos mais campos você quiser engajar o combate. Não mosca na fita, jão!


não estou aqui para propagar a discórdia dizendo que eu estou certo de que estou certo e que tudo isso pode ser minha visão, e muito bem não compactuar com as suas, mas os fnords... ah, como eram verdes e frondosos os fnords...

Arte de Leif Jones, Book of City da White Wolf
Não é um paradigma que você tenha que aceitar, mas a cidade não é um ambiente estéril ou mesmo infernal em comparação com uma floresta tropical "divina e intocada", existe a lei do predador e a lei do reprodutor e a fauna espiritual da cidade reflete somente sua atmosfera material e informacional: uma rede complexa de transferência intensa de matéria, informação e energia - a cidade pode ser comparada a um organismo vivente e pulsante, aonde ocorrem diversos processos, alguns por vezes antagônicos e enzimáticos, outros mais alcalinos.
 Há aqueles que sintam arrepios com o vislumbrar de um centro movimentado, mas eu não tenho o infortúnio de escolher me arrepiar: meu templo atual se encontra atrás de uma igreja evangélica noisecore gospel, do lado de um albergue aonde eles deixam pra fora (minha rua) quem está mais louco, fora ser a poucos metros do centro da cidade (a vizinha me zoou hoje que nossa república não parece república pela falta de barulho e bagunça, jesus...). A cidade pulsa ao lado de onde acordo com o trem passando, chacoalhando a casa, todo dia dia após dia. Faço a preza de caminhar até o assistencialismo útil para almoçar por uma moeda e observo com a calma de uma águia chapada todos os detalhes que essa visão mais realista da cidade pode nos propor. È uma selva de pedra, baby, chora!!!

 Os espíritos informacionais da cidade carregam como característica muita perspicácia em relação aos assuntos de padrão e ritmos da cidade. Praticamente toda grande cidade possui uma egrégora ou coisa similar que de certa forma caracteriza e controla os fluxos dentro dos territórios, essa egrégora também fornece energia e atribui tarefas a seus servos espirituais, para um espírito forrageiro (pombo, barata, rato) se torna muito tão fácil sobreviver nos esgotos escuros quanto era na relva pré-histórica - ainda assim estes são formas-informacionais que desenvolvem o papel de observadores, mantenedores do paradigma local em ordem, limpar os restos da civilização porca e imbecil que joga comida no lixo... adoráveis criaturinhas que podem ser contactadas e trabalhadas para auxiliar o mago a mapear melhorar a cidade, descobrir locais que emanam energias frutíferas a serem manipuladas.
 Existem diversas figuras na cidade, em todos os reinos, quanto mais se olha mais se percebe como em cada rachadura brota vida. Tente dar boa atenção a esses detalhes, de certa forma existem padrões ocultos entre cada movimentação da cidade - essa rede de informações é corriqueira e quase que natural às pessoas que se adaptam ao ambiente urbano, estas pessoas são bons exemplos de como se pode atingir a amizade de várias entidades da cidade através de certos métodos. 
Tire o fone de ouvido e ouça esse barulho de sofrimento e dor lá fora, verdadeiros carretéis de sonhos sendo dizimados minuto à minuto! As pessoas estão morrendo e nascendo todo dia!
 Em um fórum na internet (sim, aonde tudo é verdade) li um relato de um cara que pratica MC e relatou como percebeu a interação natural de indivíduos marginalizados, moradores de rua insanos, estátuas humanas com a cara prateada e etc. com espíritos da cidade, sobretudo os espíritos dos semáforos - podem ter toda a certeza que com o tempo de observação e trabalho mágico nenhum farol vermelho ou verde será um infortúnio.
 Há os que digam que excesso de encruzilhadas é um fator que contribui à degradação espiritual desse ambiente. Bem aventurados os que contactam o deus do farol através do ritual hermético do google maps, pois estes sim desfrutarão do VERDADEIRO pastel de boteco.


 Longa vida à lamparina tricolor! 

Abra nossos caminhos e feche de quem nos quer ~fazer mal~ 
(quem tem motivo para, só lamento)!!!



Mas e a Mãe Gaia, como fica? Ok, apague o seu kumbaya de 400 ervas e preste atenção na tela nos próximos segundos. A cidade guarda um verdadeiro terreno fértil para os magos de todos os tipos, não devemos ignorar o fato de que muitas vezes tudo que temos brotando nesse terreno fértil são bitucas e aqueles dentes de leão que brotariam até em cima das pessoas, pudessem eles. Isso representa em si um problema gigantesco em que a cidade destrói a consciência do indivíduo como um participante no ciclo natural e soberano de seu ambiente, a cidade não tem que ser desagradável, ela está, mas não é, estão (não, é, está - repita 3 vezes, isso, com calma e respire entre elas, muito bem, prossiga).
 Devemos replantar as árvores que o espírito da cidade consumiu para se construir, o que antes devorou impiedoso os recursos naturais desse lugar pede socorro em quase todo grande pólo humano do mundo. As cidades estão doentes, algumas velhas demais sucumbem a insanidade, algumas à violência e ódio, as cidades estão assim porque as pessoas que vivem nela estão e a fazem assim - devemos frear esse retrocesso a todo custo, conscientizar, esverdear e melhorar a qualidade de vida nas cidades, é uma proposta de atuação em que todos prosperamos.
 Preste atenção no seu bairro, tenha um jardim em casa, pergunte aos seus vizinhos como vai a vida deles, visite as festinhas de aniversário deles, plante árvores consagradas para Éris na sua rua, seja um cidadão feliz e participante, anote os resultados.

Ok, eu não sou um ativista ambiental ou coisa assim, sou só um mago do caos que fuma cigarro industrializado, o que eu posso fazer com essa info?
 Primeiro: pare de jogar suas bitucas por aí, é feio e ninguém aprova. Segundo: a cidade é um ambiente rico em experiências e lugares de todos os tipos para se praticar todo e qualquer tipo de magia, inclusive as formas mais pessoais e diversas. Nas cidades há tendas de Umbanda, terreiros de Candomblé, igrejas e lugares sacros, algumas parques naturais razoavelmente grandes. Os centros de comércio são locais de trocas de informação e monetária tão constante que faria os antigos servos de hermes chorarem de alegria vendo em como as cidades profissionalizaram a compactação e a eficiência.
 Além disso, gosto da visão do xamanismo tendo o mago como um agente presente na sua comunidade e usando a magia para proporcionar mais a si e a todos a sua volta. Grant Morrison nos fala disso também, em diversas de suas entrevistas. A cidade é um terreno fértil de pessoas com problemas, de fantasmas a serem expurgados e de damas (e princesos, porque não?) para serem resgatados dos mais horríveis dragões de terno... olhe ao seu redor, preste atenção em como você pode guiar os propósitos deste lugar aonde você vive para evoluir e se surpreender através de um sistema de magia urbana que é compartilhado por todos os membros da cidade, mais ou menos - há muito o que explorar, arregace as manguinhas e parta para a ação! A cidade é um grande laboratório do mago contemporâneo, se ele souber usar suas ferramentas e princípios.
 E se você é do tipo kaóticão, tudo que eu quero é verdade e todas minhas vontades insanas são permitidas... você pode ficar à vontade para cavar nas trevas dos edifícios e encontrar toda a escuridão fria e enlouquecedora, o verdadeiro monstro de kaos que borbulha no caldeirão cósmico de padrão e desordem que pode ser sentida nos prédios, cheirada no ar que você respira, uma criatura de mil tentáculos pronta a capturar tudo e todas em seu vórtice de confusão fractal. Toda quarta feira, no cine Athenas.


O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
Não importa se são ruins, nem importa se são boas
E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

A cidade se encontra prostituída
Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
A cidade e sua fama vai além dos mares
No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos
Chico Science e Nação Zumbi, A cidade

Dúvidas, questionamentos, violência verbal, wrestling astral, o que vocês quiserem... é só chamar o Clóvis, nosso secretário, na área dos comentários.

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