quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Servidores - Colocando os Duendes Para Trabalhar por Você (parte 2)

Ou "Como um cofrinho de moedas virou meu contador"


 O ato de criar tem em si uma certa pegadinha chamada responsabilidade. Com isto, não quero dizer que deve existir nesse ato de criação um arcabouço de regras que só eu, como possuidor do bom senso para falar isso, estou te ensinando a seguir. Com responsabilidade eu quero dizer que para se realizar qualquer ato de criação deve-se primeiro ter esse processo em mente para só depois realizá-lo (bem similar a ideia de trabalho alienado), ou este processo irá obter um resultado final no mínimo indesejável - o que eu estou querendo dizer é que para todo processo de criação, deve existir o mínimo de reflexão em como será feito e o porque. No entanto, é possível perceber como somos ensinados somente a reproduzir perdemos nossa capacidade de abstrair e inovar, estas capacidades devem ser recuperadas e as nossas funções criativas restabelecidas e treinadas.
 Mas não precisa entrar em pânico, caro homem ocidental em crise! A Tropikaos Station fornece para você o guia prático para você criar um "alguém" em espécie a imagem e semelhança das suas nóias e problemas psicológicos!
 Demiurgo, toma, que o filho é teu!


 Quando somos crianças, é comum, criar amigos imaginários. Estas entidades espirituais/energéticas/informacionais surgem dentro do cenário mental infantil em alguns casos específicos de traumas ou inaptidões sociais que são externadas na forma de um companheiro que protege a criança mental e astralmente, além de ser uma forma de se externar a energia mental tão farta durante a fase infantil, também podendo ser uma entidade que represente uma parte da mente com a qual se pode dialogar (comumente sendo posteriormente reabsorvida pela consciência do indivíduo).

 Isso nos dá uma luz sobre como essas entidades criadas a partir de nossa energia mental podem ser funcionais a psiquê como mecanismos de defesa, auto-conhecimento e modificação da realidade. Também nos mostra uma pequena iluminação infantil que alguns de nós tem e nem nos passa em mente: quando rompemos a "ilusão" do amigo imaginário compreendendo sua verdadeira natureza como uma criação mental, temos a capacidade de dar a ela um retorno a essência criadora da qual ela sempre fez parte e de certa forma internalizamos a coragem, a eloquência, a empatia e a boa vontade tão presente nesses amigos imaginários - esse processo alquímico tem uma tremenda representação simbológica, ainda mais quando esse processo é percebido conscientemente.
 Um servidor, como tratado na teoria da Magia do Caos, segue essa noção funcional do amigo imaginário como uma instituição mental criada para lidar com certos problemas de ordem não material, ou não necessariamente material.



O motivo dessa criação pode ser denominado intento ou unidade de desejo, pode ser resumido em um nome-mantra para ser cantado ou um símbolo para ser visualizado. A forma como este intento é anexado em uma forma informacional é através de um ritual ou protocolo que pode ser denominado operação. Esse objeto pode ser chamado de base ou foco (ou seja, durante as operações mágicas envolvendo aquele servidor n, o objeto é o foco simbológico).
 Todo programa que vai ser executado precisa ser escrito antes. Aqui coloco como programa as funções operacionais deste servidor, e como código, a porção escrita não aparente que delimita a lógica de funcionamento daquele programa.
 Além disso, o sistema em si precisa de energia para funcionar, nada é de graça. Esse preço pode ser chamado de fonte ou fonte de poder. Basicamente, seria a energia inicial para iniciar esse processo que pode ou não se manter nas linhas de código da realidade, dependendo de sua fonte e de seu desempenho como uma entidade informacional.


Hardware
O software você xinga, no Hardware, você bate.

Existe uma certa ordem ao realizar algo. O papo que todos estão cansados de ouvir é que toda construção exige uma base firme, se não ela tende a ruir com o passar dos testes que o tempo impõe a ela. Ok, isso nós entendemos, mas vamos um pouco mais longe que isso - vamos falar de topterm 10 de Ouros. Temos que entender que mesmo que partamos de um paradigma mais informacional ou espiritual, a base é a terra, o material.
 Para iniciar o processo de criação desta pupa informacional é necessário primeiramente pensar se a base material será o próprio criador ou uma fonte externa. No exemplo do amigo imaginário temos o primeiro caso, a criança como fonte da entidade. Contudo, temos vantagens em utilizar como fonte dessa base algo externo: mais facilidade em observar possíveis resultados, mais facilidade de manipulação simbológica, fora a possibilidade sempre existente de necessidade de destruição (assim, é possível destruir  esse objeto de foco, ao invés de ter que lidar com essa unidade informacional enraizada no próprio operador).
 Um bom exemplo são os duendes da prosperidade, aonde se põe moedas aos pés da criaturinha mística que tem como intento causar um balanço econômico positivo ao mago. A estabilidade econômica é o intento, o duende de biscuit é o foco, a operação seria registrar o protocolo e manter as moedas rolando...
 Outro bom exemplo são os anjos e santos, as quais é comum em lares cristãos a disposição de imagens pela casa, as quais, conforme abastecemos seus altares com oferendas trazem paz e limpeza espiritual. Por isso eu estou vestido com as roupas e armas de jorge, para que meus inimigos tenham pés, mas não me alcancem.
Não, eu não tenho um duende bancário. Mas já fiz alguns financiamentos com alguns e estou fudido, pagando até hoje... Não recomendo.


Programando












"O pior código é aquele que não foi escrito, esse tipo não dá dinheiro."

 Nós funcionamos, mais ou menos, através de um complexo e intrincado sistema de lógica - ficamos chocados e atingimos uma certa iluminação pessoal quando vislumbramos as linhas do código e conseguimos reprogramá-las, isso é algo sobre o que é realmente magia. Mas não pense somente nos hackers, pense nos artistas. Pense em como Mero Vision desenhava, em Matrix2, programas feitos linha por linha para causar as mais diversas sensações - como um pintor da realidade, ele sempre estava a criar programas que o satisfaziam em sua jornada Hedonista de distorção da ilusão do real.
 Aprofundando um tanto mais sobre, esta é, na minha opinião, uma das principais diferenças entre a prática de siligos e servidores: o sigilo (pode se considerar nesse caso um ritual de encantamento, também) tem como objetivo modificar algumas linhas do código pré-existente, o servidor é uma entidade informacional nova, com um código totalmente pessoal e alienígena dentro do universo de infinitas linhas de letras verdes caindo no fundo preto. Esta pupa informacional, ao adquirir algum nível de inteligência poderá realizar alguns feitos interessantes e o motivo é simples: aparenta-se que dentro do universo que vivemos, há espaço de sobra no jardim para todo mundo plantar o que quiser, temos a possibilidade e a capacidade de criar "interferências" no próprio tecido da realidade.

O programa pode ser exemplificado aqui como o comportamento aparente do amigo imaginário, como se pudêssemos ler uma ficha de observação completa: o que ele faz, como é sua aparência quando se manifesta, seu temperamento e nível aparente de inteligência. O código representa todos os mecanismos em todas as dimensões e paradigmas de como aquele ente funciona: como ele foi criado, porque e sua ordem lógica de fazer e não fazer. Como se pode perceber, neste caso estas criações não tem muita complexidade em sua criação, são basicamente formas manifestadas através de uma projeção visual, além de serem mais verbais (dado que muitas crianças os criam pois não tem ninguém que os compreenda ou queira falar com eles).
 O programa pode funcionar como uma descrição curta, um textículo falando sobre o servidor. O código seria mais parecido com um modelo de contrato do que com uma receita de bolo, ele descreve quais são as relações das partes envolvidas, métodos de pagamento, lógicas operacionais de "e se...".

"[...]Deveria haver uma - e preferencialmente 
apenas uma - maneira óbvia de se fazer isto.

Embora aquela maneira passa não ser óbvio à 

primeira vista se você não for holandês. [...]"
                              The Zen of Phyton


Soltando o boneco no mundo
"Então, você foi acusado de ser pai?" Anônimo
Aqui começa a filosofia pesada e insana.

 Chegamos na parte em que você finalmente degola o bode. Para essa pupa abrir suas asas informacionais e conquistar esse mundo aonde o servidor chora e o mestre não vê, o rebento precisa de um impulso energético e material. Energia e Matéria são ambas sem propósito, forma ou direcionamento algum - a informação esta lá para botar ordem e estabelecer à matéria e energia suas mais diversas leis. A informação, do contrário não possui, não é e nem se comporta como matéria ou energia. Complexo, não é? Agora imagine o quão complexo é para uma forma informacional, moldada para um propósito existir e agir em um universo feito basicamente de matéria e energia e não possuir nenhum de ambos. O que nos permite agir no mundo é o fato de que dominamos algumas leis da informação e conseguimos dia a dia mais moldar a matéria e a energia à nossa vontade, somos uma ordem informacional, porque participamos de certa forma do ciclo de energia-matéria- informação que caracteriza todas entidades atuantes com vontade no cosmo (lembra do que eu falei sobre o 10 de Ouros? Materialismo dialético, cara!).


 A solução? Eu te dou agora mesmo! Dê a essa forma informacional uma casa de matéria para habitar, pode ser algum componente material da sua mente (cérebro), uma tatuagem, uma carta de baralho ou um isqueiro - depois disso, dê energia, que será a fonte direcionada ao foco. Assim, esta entidade que se via incapaz, assim como uma palavra morta escrita nas areias do esquecimento, agora pode atuar no mundo e cumprir seu objetivo de criação, o motivo pelo qual está vivo e presente na teia informacional. Além disso, utilize alguma forma de energia (comidas, moedas, fluídos, eletricidade, libido, a lista vai longe) para que o este servidor possa usá-la da forma como ele saberá melhor. O importante é que se tenha uma compreensão menos vaga e mais estrita em relação a energia, energia é aquilo que se utiliza para realizar um trabalho (não esse trabalho, rapaiz) e podemos medir o quanto de energia existe em um item se estamos lidando com um paradigma mais materialista, no paradigma psicológico as oferendas seriam algo que serve para exteriorizar o libido de forma que podemos imaginar que coisas mais valiosas teriam mais "energia", no modelo informacional o mesmo: energia e trabalho podem ser literalmente entendidos como a força de trabalho e potencial de agir, o valor subjetivo das coisas é o que lhes atribuiria a característica de um item mais ou menos provido dessa "energia" bruta mental a qual a informação pode modelar.



 Se nada estiver dando certo, lembre-se que nada é verdade e tudo é permitido.

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