quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Um oceano de bolas de plástico de piscina de bolas


"Caos, pra mim, é o oceano de bolas de plástico de piscina de bolas.

Quando na inércia máxima, sinto-me levitando sobre essa multidão colossal de bolas de piscinas, também inertes boiando nesse oceano interminável. Quando estou no computador, lendo, demi-abatido e cansado do sono, exausto do café, mas por alguns segundos tenho minha atenção presa nos infinitos segundos que passam por meus olhos me sinto assim - como um mero observador a um mar de bolas de plástico de piscina de bolas.



Não obstante, eu saio de casa às vezes. Pra buscar um pacote de pão, reestabelecer os estoques de incensos ou mesmo pra ver a luz do sol indo tomar um café e pensar um pouco nas tretas da vida. Nesses momentos, minha inércia é destruída e meu corpo se estatela contra a superfície de bolas.

Em um exercício mental imagine que toda vez que algo perturba esse estado de inércia de uma bola, ela se transforme em qualquer estrutura do seu cotidiano ou fora dele: um bong de patinho de borracha, um sabre de luz, um sofá, uma laranja (que por acaso seria interessante, porque uma bola de plástico de piscina de bolas de cor laranja, velha e mordida pela minha gata, [no efeito doses moderadas de maconha {em mim, não na gata}] parece muito uma laranja). Regra número dois: uma bola ou estrutura pode afetar outras bolas de plástico de piscina de bolas.

Nessa infinidade completamente caótica de possibilidades, conforme meu percurso segue oceano abaixo, me verei soterrado por todo esse universo complexo de estruturas se formando.

Está vendo? Não é tão prudente sair de casa para pegar uma vitamina D quanto se pressupõe.


Mas, por um momento ou outro, consigo deslizar lento e calmamente por entre essa infinidade catastrófica. Lutando contra a corrente das possibilidades, às vezes, me coloco na superfície por tempo o bastante para guinar um pulo desesperado em rumo ao vácuo completo, o berço da inexistência completa e inefável, o anti-kaos, aquilo que por si próprio não me permite nominar.


E, mesmo que por um segundo, estou levitando de novo."

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